sábado, 17 de maio de 2008

Mera distração...

"Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados como para os que não o são... Sentir é estar distraído." (Fernando Pessoa)

Ah essa doce liberdade! O respirar suave, o frescor do ar. Como aquela coisa boa que sinto quando estou com você. Nem preciso correr como as cenas de filmes nos quais querem mostrar o poder de liberdade do personagem. Não. Vou tranquilamente, como nas cenas de solidão. Caminho sentindo cada passo e as folhas semi-secas sob meus pés suavizam o atrito. O vento sopra suave lançando mechas do cabelo ao rosto, então sorrio. Motivos? A liberdade, o vento e os pensamentos que me levam longe. Eis que lembro do anoitecer daquela quarta-feira, quando sorri e representei a cena da Sarah Polley na pele da Ann: “se você não me beijar agora eu vou gritar”. É! Foi mais ou menos assim. E mesmo sem acreditar que eu pudesse gritar você me beijou e jogou acima dos meus pensamentos confetes coloridos. Tantos que eu podia enxergar o céu em cores e formas, diversas. Alegria, duradoura alegria. Com as lembranças eu sigo e vejo-me naquela manhã, no parque. As folhas que caiam sobre mim como vindo de encontro ao desconhecido. Chego a imaginar que era eu que flutuava com elas no espaço, ao ponto de atingir o solo e ter que recomeçar o ciclo. Pois folha que cai não é natureza morta, é vida. Vida que recomeça e renasce das cinzas. Aquele instante ganhou a eternidade pela intensidade do bem que me fez. A paz contida na presença. A paz dos detalhes que fazem toda a diferença. Paz, envolvente paz. Recordo cada pôr-do-sol no Humaitá, os segundos nos quais o sol se esconde por trás do continente e sempre comentamos: “nossa! Desce rápido!”. Cada apresentação da lua, cheia ou “lua-melancia”, e eu sempre insistindo em te fazer observa-la. Os detalhes parecem ainda mais específicos quando estamos juntos. Certa vez você disse que as coisas acontecem quando estou presente. Não sei, mas possa ser que na verdade as coisas aconteçam porque nos sentimos vivos quando estamos juntos, e quando se vive o inesperado sempre se faz presente. E quem vive vê, escuta, sente e se é. E nós somos!

Cada segundo com você é uma vida nova. E eu quero mais!

Diana.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ponto... de continuação.

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A solidão sempre me fez forte, convicta. Hoje me perco na sua ausência e me sinto frágil. Não precisa ser assim. Estou cansada desse sentimentalismo exageradamente exposto. Sufoca-me o choro contido, falta-me o ar, não consigo respirar e detesto minha fraqueza. Sou um exagero de sentimentos e sensações. A frieza nesses casos seria uma saída, ou talvez não. A frieza em mim resume-se na incapacidade de enfrentar a emoção que sinto. Mas eu sinto, portanto passo longe da indiferença diante de determinadas situações. Não precisa isso? Sei que não. Mas sou assim. E “sou” as vezes parece ser mais forte que “eu”. E onde estou, no sou ou no eu?! Estou tentando descobrir.